EUA ameaçam enterrar sector eólico marítimo antes de ele surgir
Mais de 800 turbinas eólicas gigantes giram nos mares da Dinamarca, Grã-Bretanha e sete outros países europeus, gerando eletricidade dos fortes ventos oceânicos para centenas de milhares de lares. A primeira fazenda eólica na costa da China, uma empreitada de 102 mW nas proximidades de Xangai, entra em funcionamento neste mês, com outras ainda a caminho.
Mas, apesar de décadas de esforço, nenhuma turbina marítima foi construída nos Estados Unidos.
Segundo especialistas, o progresso foi atrasado por uma variedade de fatores, que incluem uma economia ruim, incerteza no marco regulatório e oposição local.
Quando o governo Obama anunciar esta semana sua decisão a respeito de um projeto de grande destaque - Cape Wind, na costa de Massachusetts -, as implicações podem se estender de Long Island ao lago Erie. Um aval do secretário do Interior Ken Salazar pode dar o empurrão definitivo para o que seria a primeira fazenda eólica na costa americana. Por outro lado, algumas empreiteiras afirmam que, se a resposta for negativa, a decisão vai enterrar o setor éolico marítimo antes de ele ter sequer começado nos EUA.
"É imperativo que Cape Wind seja concluído - precisamos desse impulso", disse Peter Giller, chefe-executivo da OffShoreMW, nova empreiteira com ambições de atuar em dois projetos de 700 mW nas costas de Nova Jersey e Massachusetts.
Pelo menos meia dúzia de projetos eólicos costeiros que poderiam fornecer energia a centenas de milhares de consumidores já foram propostos nas águas rasas da costa leste americana e nos Grande Lagos. Muitos outros estão nos estágios iniciais de concepção, como um projeto que instalaria turbinas a cerca de 20 km da península de Rockaway, em Nova York.
Embora fazendas eólicas no mar custem quase duas vezes mais do que em terra, empreiteiras e defensores afirmam que os projetos costeiros têm várias vantagens. A ventania de mares e lagos é normalmente mais forte, regular e confiável do que o vento sobre a terra. Turbinas marítimas também podem ser alocadas perto das populações que consomem muita energia nas costas, eliminando a necessidade de novas linhas de transmissão terrestres. E, se as turbinas forem construídas a distância suficiente, elas não alteram a paisagem - a principal objeção de oponentes locais.
O Laboratório Nacional de Energia Renovável estima que quase 90 mil mW podem ser extraídos dos ventos costeiros nas águas rasas americanas com menos de 30 metros, que é a profundidade na qual a produção fica mais fácil e tem melhor custo-benefício. Grande parte desse potencial fica em New England, na costa atlântica central e nos Grandes Lagos.
Se alguns projetos americanos atualmente na prancheta forem construídos conforme planejado, eles produziriam quase 2,5 mil mW, de acordo com a Associação Americana de Energia Eólica, ou o equivalente a duas usinas nucleares médias.
O projeto Cape Wind instalaria 130 turbinas, cada uma com 134 metros de altura, ao longo de 62 km² de Nantucket Sound a um custo estimado em mais de US$ 1 bilhão.
Opositores argumentam que o empreendimento é caro demais e interferiria na pesca local, violaria rituais sagrados de duas tribos indígenas e submergiria seus cemitérios, além de destruir a paisagem.
"Os custos exagerados de Cape Wind não representam um retorno razoável ao investimento público", escreveu Joseph P. Kennedy II, ex-congressista e hoje presidente do Citizens Energy Corp., um grupo sem fins lucrativos de Boston, em uma carta ao jornal The Cape Cod Times em fevereiro. A família de Kennedy é dona de terras com vista para a área em que seria construída a fazenda eólica proposta.
Tradução: Amy Traduções fonte:http://noticias.terra.com.br